Como é o desempenho energético das HIS hoje e no futuro?
No Brasil, o setor residencial responde por aproximadamente 31% do consumo total de eletricidade, concentrando 88% do número de consumidores. O uso de energia elétrica depende tanto dos sistemas presentes na residência — como equipamentos, iluminação e climatização — quanto de fatores externos, como o comportamento dos usuários, as características da envoltória da edificação e o clima (EPE, 2018, 2025). Desde 1990, o consumo de energia para resfriamento triplicou em escala mundial (IEA, 2023). Esse crescimento tende a ser ainda mais acentuado diante das mudanças climáticas, que ampliam a demanda por condicionamento de ar. Nesse contexto, compreender o desempenho energético das habitações torna-se essencial. No caso da Habitação de Interesse Social (HIS), o tema ganha relevância adicional, pois os gastos com eletricidade podem comprometer uma parcela significativa da renda familiar, favorecendo a ocorrência de pobreza energética. Essa condição caracteriza-se pela dificuldade de acesso aos serviços de energia ou pela limitação do seu uso para atender às necessidades básicas, em função de restrições financeiras (Li et al., 2014). Este projeto busca avaliar a condição atual do desempenho energético das habitações — considerando consumos com ar-condicionado, aquecimento de água e eletrodomésticos — a partir de pesquisa de campo e simulações computacionais. Na pesquisa de campo, o consumo de eletricidade é analisado com base nos hábitos dos moradores em relação ao uso de equipamentos. Este trabalho integra o núcleo de estudo Usuários, que visa aprofundar o entendimento do comportamento de famílias em HIS. As visitas incluem o levantamento dos equipamentos presentes nas residências, entrevistas sobre padrões de uso e coleta de dados de consumo mensal a partir das faturas de energia fornecidas pelos próprios moradores. No que se refere à simulação computacional, o objetivo é mitigar limitações na representação das habitações reais e criar bases de dados que permitam a análise de cenários futuros. As simulações são conduzidas conforme a NBR 15575:2021, mas também exploram novos indicadores e o impacto de normas recentes, como a NBR 15220-3:2024 (Zoneamento Bioclimático Brasileiro). Com base nesses dados, pretende-se estimar os usos finais de energia das unidades habitacionais estudadas, possibilitando tanto a comparação com os padrões do PPH quanto a calibração dos modelos simulados. A Figura 1 apresenta o fluxograma com a organização das informações relativas ao consumo energético.

Figura 1. Metodologia de abordagem do consumo energético nas HIS do projeto hab.LabEEE
Referências EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Uso de Ar Condicionado no Setor Residencial Brasileiro: Perspectivas e contribuições para o avanço em eficiência energética. Brasília: EPE, 2018. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Anuário estatístico de energia elétrica 2025. Brasília: EPE, 2025. Disponível em: https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes- dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-160/topico-168/anuario- factsheet.pdf>. Acesso em 18 de setembro de 2025. IEA – International Energy Agency. Meeting the increasing global demand for cooling – Analysis. 2023. Disponível em: <https://www.iea.org/articles/meeting-the- increasing-global-demand-for-cooling>. Acesso em 1 de julho de 2023. LI, K.; LLOYD, B.; LIANG, X.-J.; WEI, Y.-M. Energy poor or fuel poor: What are the differences? Energy Policy, v. 68, p. 476–481, 2014.